A descoberta aponta para atuação em 30 países, inclusive no Brasil
Uma operação, originária da China, envolvendo mais de 123 sites, se disfarça como mídias de notícias locais em 30 nações para endossar o comunismo e criticar adversários do líder chinês, Xi Jinping. Conforme divulgado pela Gazeta do Povo, a revelação ocorreu em fevereiro, por meio de uma pesquisa realizada pelo centro de estudos da Universidade de Toronto, no Canadá.
A rede inclui países da Europa, da Ásia e da América Latina, incluindo o Brasil.
Os estudos revelaram que, apesar da aparência de independência, nenhum dos mais de cem sites que integram a rede era verdadeiramente independente. Todos estavam sob o controle de uma empresa de relações públicas baseada em Shenzhen, na China, identificada como Shenzhen Haimaiyunxiang Media Co., Ltd., ou simplesmente Haimai.
A Haimai, estabelecida em 2019, é especializada em fornecer serviços de distribuição de conteúdo promocional em diversas línguas, incluindo o português.
A rede foi nomeada pela universidade como “Paperwall: sites chineses que se passam por mídia local e visam públicos globais com conteúdo pró-Pequim”.
Publicações: Entre a Divulgação e a Remoção
A pesquisa ressaltou que uma das principais características do Paperwall, presente em todos os sites da rede, é a remoção rotineira de seus conteúdos mais ofensivos, que criticam os opositores de Pequim, algum tempo depois de serem publicados, a fim de dificultar a detecção e a revelação da campanha.
Os alvos dos ataques da rede incluem o virologista Li-Meng Yan, que sustenta que o vírus da covid-19 foi “criado em um laboratório chinês”, e Li Hongzhi, fundador do movimento religioso “Falun Gong”, que enfrenta proibição e perseguição na China desde 1999.
EUA no alvo da rede chinesa
Conforme o estudo canadense, a rede chinesa divulgava teorias conspiratórias sobre supostas experiências biológicas realizadas pelos Estados Unidos no Sudeste Asiático. Foi até mesmo sugerido por alguns que os americanos teriam criado e liberado o coronavírus.
Notícias adicionais disseminadas em 30 países se referiam às alegações de interferência estrangeira nos protestos a favor da democracia que ocorreram em Hong Kong e foram rigorosamente reprimidos pela ditadura comunista chinesa.
Grande parte dessas informações estavam embutidas em propagandas de criptomoedas, direcionando os usuários para sites criptografados.
De acordo com um artigo da Gazeta do Povo, havia sites no Brasil que levavam nomes de cidades ou estados do país, muitos de forma genérica, a exemplo de “goiasmine.com”. A publicação confirmou que todos esses sites estão agora offline e aconselha que os leitores não tentem acessá-los, já que podem estar contaminados com vírus.
Pesquisador Alerta sobre os Riscos de Outras Redes Sociais
O pesquisador Alberto Fittarelli, que é o autor principal do estudo, enfatizou que é uma “operação de influência que serve tanto a interesses financeiros quanto políticos e que está em sintonia com a agenda política de Pequim”.
O estudioso também chamou a atenção para a expansão da indústria de desinformação sob demanda.
“Desde os primeiros dias de pesquisa nesse campo, a indústria de desinformação por encomenda cresceu, levando a descobertas e interrupções em países ao redor do mundo”, disse.
Fittarelli também declarou que a Paperwall “não será o último exemplo de uma parceria entre o setor privado e o governo comunista no contexto de operações de influência chinesas.” As informações são da Revista Oeste.