Eduardo Cunha impediu que PT regulasse a mídia, diz Dilma

Petista acusou ex-deputado de fechar acordo com emissoras
Ex Deputado Eduardo Cunha Foto, Agência Brasil,José Cruz Ex Deputado Eduardo Cunha Foto, Agência Brasil,José Cruz
Ex Deputado Eduardo Cunha Foto, Agência Brasil,José Cruz

Petista acusou ex-deputado de fechar acordo com emissoras

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, impediu a regulação da mídia durante o governo de Dilma Rousseff. Quem afirmou isso foi a própria ex-presidente, por meio de uma nota enviada à Folha e, posteriormente publicada na íntegra em seu site oficial.

Dilma afirmou que o debate sobre o tema foi inviabilizado após a eleição de Cunha para a Câmara, em 2015. Segundo ela, o ex-deputado fez um “acordo com as empresas de comunicação, notadamente a Rede Globo”, para que a mídia se posicionasse de forma “acrítica” a sua candidatura ao cargo. Em troca, Cunha garantiu que iria “impedir a tramitação de qualquer projeto que tratasse da regulação econômica da mídia”, além de “interditar qualquer debate” sobre o tema.

Dilma disse ainda que foi comunicada sobre a inviabilidade da discussão sobre o tema pelo então vice-presidente, Michel Temer, que faz parte até hoje do mesmo partido de Cunha, o MDB.

A RESPOSTA DE CUNHA

Após as declarações da ex-presidente, Cunha se pronunciou nas redes sociais e afirmou que “a única parte verdadeira [da nota] é que sempre fui contra o projeto do PT de regulação da mídia. Eu, realmente, jamais pautaria, como presidente da Câmara, um projeto dessa natureza”.

O ex-deputado alegou ainda que, se sua posição fosse em decorrência de um acordo desta natureza, ele “não teria apanhado tanto” da mídia. Cunha disse ainda que a regulação da imprensa é “um dos grandes motivos da minha oposição a eles”. Para ele, a solução para “combater a imprensa ruim é ter mais imprensa”.

REGULAÇÂO DA MÌDIA

O projeto de regulação da mídia foi criado no fim do governo Lula pelo então ministro da Comunicação Franklin Martins. Dilma afirmou que não implementou a medida em seu primeiro mandato porque tinha o Marco Civil da Internet como a prioridade.

O projeto entregue por Franklin a Dilma em 2010 previa a criação de uma Agência Nacional de Comunicação responsável por regular as concessões de rádio e televisão. De acordo com o texto, composto por 297 artigos, qualquer político com mandato vigente seria proibido de controlar meios de comunicação, restrição imposta atualmente apenas a deputados federais e senadores.

O texto também determinava o estímulo de produções independentes e regionais, proibia o aluguel de horários na grade de emissoras de televisão, além de recomendar que todas respeitassem princípios como imparcialidade, equilíbrio e pluralismo em sua programação jornalística. Atualmente, é exigido um alto quórum no Congresso para determinar a revogação da concessão de uma emissora. Garantias como essas, são mantidas pelo texto.

Ao falar sobre o projeto, Lula e Dilma têm criticado a propriedade cruzada de diferentes meios de comunicação pelos mesmos grupos econômicos. Segundo Dilma, o objetivo da proposta era “impedir a concentração dos meios (jornal, rádio, TV e meios digitais propiciados pela internet) em mãos de poucas famílias, como ocorre desde meados do século XX no Brasil”.

Ela também disse que “em outros países, empresários que detêm a concessão pública para exploração do serviço de rádio não podem deter o controle de emissoras de TV, e vice-versa”, mas estes tópicos não são citados no texto original.

A defesa da medida tem dividido opiniões até mesmo entre os membros do partido. Nos últimos dias, lideranças do partido procuraram Lula para defender que ele ouça menos a ala mais radical do partido e consideram a defesa da pauta como “um tiro na cabeça” durante a campanha presidencial de 2022.

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