NotíciasPolítica

X: TSE pediu dados privados de contas que citaram voto auditável

#Barrosonacadeia, #VotoDemocráticoAuditável e #VotoImpressoNão foram as hashtags miradas pelo TSE e pela PF

Durante o período pré-eleitoral de 2022, a Justiça Eleitoral ordenou a coleta em grande escala de dados pessoais de usuários da rede social X, que utilizaram as hashtags #Barrosonacadeia, #VotoDemocráticoAuditável e #VotoImpressoNão em suas publicações. A decisão judicial está documentada nos arquivos da plataforma, referidos como Twitter Files. Essas informações foram fornecidas pelo Gazeta do Povo.

A Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral instaurou a ação em 21 de junho de 2021, durante a gestão do ministro Luis Felipe Salomão. Naquele momento, o X considerou a medida como uma violação aos “direitos constitucionais” e também ao “Marco Civil da Internet”.

No caso, a Polícia Federal também colaborou, auxiliando na investigação dos supostos “ataques contra o sistema eletrônico de votação”. A entidade inclusive pediu a identificação da origem das publicações.

REUNIÕES

Convocações para reuniões com o secretário de Tecnologia do TSE, a Polícia Federal e o vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gonet Branco, foram emitidas para representantes do Twitter, Facebook e Google.

Em determinados momentos, as grandes empresas de tecnologia solicitaram acesso aos processos judiciais, entretanto, não obtiveram permissão sob o argumento de que “o inquérito administrativo é peça informativa, de caráter administrativo, inquisitivo, não acusatório, de modo que a autoridade que o preside deve assegurar o sigilo necessário”, nas palavras do ministro Salomão. Ele ainda teria afirmado que as empresas não eram parte no processo e por isso “não estão em discussão direitos e interesses que lhes pertencem”.

O Twitter, até então, indicou que as hashtags poderiam ser utilizadas tanto para respaldar a causa, como para criticá-la, ou até mesmo discutir o tópico de maneira neutra. Logo, seria necessário avaliar os usuários de forma individual, o que poderia implicar numa violação de privacidade. Além disso, afirmou que não possui a tecnologia adequada para atender a todas as demandas judiciais.

Naquela época, o conselheiro jurídico sênior do Twitter para a América Latina argumentou que a determinação “não cobria minimamente as exigências do Marco Civil”. Ele também alegou que a Justiça Eleitoral não apresentou “provas da ilegalidade no uso das hashtags, o que pode caracterizar monitoramento e pesca probatória”, além de “divulgação em massa e indiscriminada de dados privados de usuários”.

No dia 23 de outubro, o Twitter recebeu uma intimação para fornecer dados extras de usuários que supostamente comprometeram o sistema eleitoral. A demanda era para a divulgação de registros completos e até os IPs dos dispositivos eletrônicos usados pelos usuários. O ministro Luis Salomão estabeleceu um período de 15 dias para a entrega das informações, com uma multa diária de R$ 50 mil em caso de não cumprimento.

Ademais, a Polícia Federal argumentou que informar aos proprietários dos perfis que estavam sob investigação causaria um “grave prejuízo às investigações”, uma justificativa que foi aceita pelo sucessor de Salomão, o ministro relator Mauro Campbell Marques.

As informações referentes às datas e à quantidade de tuítes diários que incluíam as hashtags foram fornecidas e anexadas ao inquérito em um documento. O caso, no entanto, continua em andamento na Justiça Eleitoral. No TSE, desde fevereiro deste ano, ele é categorizado como “redistribuído por competência exclusiva em razão de sucessão”.

Contatados pelo Gazeta do Povo, o TSE e a PF não se pronunciaram sobre o caso.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo