Moro é aconselhado a não declarar voto em Dino e promete ficar em silêncio; veja mensagem

Estadão captou troca de mensagens do senador com uma pessoa próxima que o alerta sobre o “coro está comendo” nas redes após a divulgação de fotos em que Moro aparece aos risos com Flávio Dino

Depois de sorridente e abraçado com o ministro da Justiça Flávio Dino durante sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o senador Sergio Moro recebeu um alerta de um aliado em uma conversa pelo aplicativo WhatsApp para não revelar seu voto. Como um membro da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Moro poderia ficar vulnerável se declarasse publicamente seu eventual apoio a Dino para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

Durante a sessão no plenário do Senado, o Estadão captou uma mensagem no celular de Moro. Ele estava em conversa com um contato próximo, chamado apenas de “Mestrão”. O interlocutor informou o senador sobre a repercussão negativa nas redes sociais a respeito das imagens que circularam na internet, mostrando o senador oposicionista abraçado e aos risos com Dino no dia 13 de maio.

Feito o alerta, Mestrão tentou tranquilizar o senador: “fica frio que ja ja passa (sic)”. Na sequência, porém, ele orientou novamente o parlamentar: “não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, se não isso vai ficar a vida inteira rodando”.

Na troca de mensagens com Mestrão, Moro respondeu: “Blz (beleza). Vou manter meu voto secreto, eh um instrumento de proteção contra retaliação (sic)”.

Durante o levantamento realizado pelo jornal Estadão com todos os sebadores, Moro se recusou a divulgar seu voto e chegou a fazer uma brincadeira durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça sobre as fotos em que aparece sorrindo com Dino. Na votação no plenário do Senado, a nomeação de Dino para o STF foi aprovada por 47 votos a favor e 31 contra.

Antes de a conversa se tornar séria, Mestrão informou a Moro que o advogado do PT, que está envolvido em um processo de cassação contra Moro, é sócio do Diretor Geral da Assembleia Legislativa do Paraná, que é o braço direito do presidente da Alep, Ademar Traiano. O deputado Traiano está enfrentando acusações de corrupção feitas pelo deputado Renato Freitas do PT-PR.

Quando procurado, Moro declarou através de sua equipe de assessoria que a pessoa com quem ele falou via celular “sem ter informação do voto do senador fez a sugestão somente porque distorceram o posicionamento do parlamentar nas redes após cumprimento ao ministro Dino. Em resposta, o senador disse que iria manter o sigilo do voto, que é um instrumento de proteção contra retaliação”. Moro não revelou quem é “Mestrão”.