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Criação de empregos em janeiro foi a pior para o mês em quatro anos; economistas culpam governo

País fechou o primeiro mês com 83.297 novos empregos formais; número é o menor desde que o novo Caged entrou em vigor

O Ministério do Trabalho e Emprego informou nesta semana que o Brasil abriu 83.297 novas vagas de trabalho com carteira assinada em janeiro, segundo dados do Novo Caged (Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados). Esse é o pior índice para o mês desde que o sistema mudou a metodologia para analisar os dados de empregos formais no país, em 2020. Na avaliação de especialistas, a postura do governo federal influenciou para o resultado.

Nos últimos três anos, a criação de empregos formais em janeiro foi de 117.245 (em 2020), 250.318 (em 2021) e 167.269 (em 2022). Na comparação com os números de 2022, a geração de postos de trabalho com carteira assinada em janeiro deste ano caiu pela metade, 50,2%.

O saldo de empregos criados é obtido a partir da diferença entre a quantidade de admissões e de demissões no mês. Em janeiro, o Novo Caged contabilizou 1,87 milhão de contratações e 1,79 milhão de desligamentos. O dado referente às demissões foi o maior para o mês em quatro anos, segundo as estatísticas do sistema.

Em 2020, o país contratou 1,5 milhão de pessoas e demitiu 1,38 milhão. Em 2021, foram 1,7 milhão de admissões e 1,45 milhão de desligamentos. E em 2022, o Novo Caged registrou 1,85 milhão de contratações e 1,68 milhão de demissões.

O professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Alberto Ajzental diz que a queda na quantidade de novos postos de trabalho e a alta no número de demissões em relação ao início de 2022 são reflexo do desempenho do PIB, que está em ritmo de desaceleração. No ano passado, o resultado até foi positivo, com crescimento de 2,9%, mas o desempenho da economia foi caindo ao longo de cada um dos quatro trimestres.

Na avaliação dele, outro fator que contribui para que menos empregos sejam gerados é a falta de um plano econômico para o país. Segundo Ajzental, a atual gestão do presidente Luiz Inácio da Silva (PT) ainda não demonstrou como pretende alavancar a economia nacional, o que gera incertezas para os agentes envolvidos no mercado de trabalho.

“O Executivo federal não deixou de forma clara e não mostrou qual é a sua meta e o que pretende fazer para equilibrar as contas do governo. Estourou o teto em R$ 200 bilhões e só está mostrando que vai gastar. Por isso, todos estão preocupados, principalmente os principais agentes econômicos, como o empresário que investe e cria oportunidades de emprego”, analisa.

Além disso, o professor diz que o governo tem gerado instabilidade com o mercado financeiro, sobretudo pelas críticas de Lula à atuação do Banco Central. Segundo Ajzental, isso também atrapalha o cenário do emprego no país.

“Não é com palanque, com retórica e com bravata que se coloca a economia nos eixos. Isso é feito com projetos e muita transparência, explicando para a sociedade. Não é só brigar com o Banco Central que as coisas vão se resolver. Quando há briga, é porque o governo faz uma cortina de fumaça para desviar a atenção e não mostrar à sociedade o que pretende fazer para o Brasil.”

O economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, acrescenta que o cenário do emprego no país pode melhorar caso o novo arcabouço que vai substituir o teto de gastos — norma que proíbe o aumento de despesas públicas acima da inflação— permita que a política fiscal trabalhe junto com política monetária.

“Mas enquanto o governo gastar mais do que estiver arrecadando, gerar déficit primário, atacar gratuitamente o Banco Central e criar instabilidade na economia e na política, teremos menos investimentos e menos geração de empregos. O governo precisa fazer a sua parte e proporcionar um ambiente estável, sem crises desnecessárias.” As informações são do R7.

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