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Vamos encher tanto o saco que o iFood vai ter que negociar, diz Lula

Presidente cobrou publicamente empresa durante assinatura de projeto de lei que regulamenta trabalho de motoristas de aplicativo.

O ex-chefe de Estado (PT) afirmou que o governo pretende “encher tanto o saco que o iFood vai ter que negociar” a regulamentação da atividade dos entregadores de aplicativos. O comentário foi feito em público durante a cerimônia de assinatura do projeto de lei que sugere a regulamentação do transporte por aplicativo, e foi dirigido ao CEO da iFood, Fabricio Bloisi.

Lula mencionou Bloisi em duas ocasiões, embora não tenha usado seu nome diretamente. No início de seu discurso, ele citou um de seus principais aliados e líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). O projeto assinado nesta segunda-feira, dia 4, se concentra especificamente no transporte por aplicativos, como Uber e 99, e não inclui trabalhadores de entrega, como os do iFood.

“Queria só lembrar, Jaques Wagner, que o dono do iFood é da Bahia. E portanto, como todo bom baiano a gente tem que convencê lo a entender que é prudente ele sentar na mesa de negociação pra gente fazer um bom e um grande acordo”, disse Lula.

Bloisi, originário de Salvador, é um integrante do Conselhão, também conhecido como Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS). Este conselho é coordenado pela Presidência da República e congrega representantes de vários segmentos da economia, além de empresários, investidores e membros do governo.

No decorrer de sua fala, o petista enfatizou que as “relações de trabalho” se transformam ao passar do tempo. Assim, torna-se imprescindível estabelecer novas condições que garantam segurança e benefícios para empregados e patrões no exercício de suas atividades.

“Brinquei com o Jaques Wagner, nosso senador da Bahia, que foi governador por 8 anos e sei que o iFood é da Bahia, e o iFood não quer negociar. Pois nós vamos encher tanto o saco que o iFood vai ter que negociar para fazer aquilo que vocês fizeram junto ao transporte”, disse Lula sobre em referência à regulamentação do trabalho de motoristas por aplicativo, no encerramento do evento. 

O iFood emitiu uma declaração em resposta aos comentários, na qual “esclarece que não é verdadeira a fala do Ministro Luiz Marinho de que a empresa não quer negociar uma proposta digna para entregadores. O iFood participou ativamente do Grupo de Trabalho Tripartite (GT) e negociou um desenho regulatório para os entregadores até o seu encerramento. A última proposta feita pelo próprio Ministro Marinho, com ganhos de R$17 por hora trabalhada, foi integralmente aceita pelo iFood. Depois disso, o governo priorizou a discussão com os motoristas, que encontrava menos divergência na bancada dos trabalhadores”.

O texto não menciona as objeções levantadas pelo presidente Lula, mas continua: “A empresa reforça que apoia desde 2021 a regulação do trabalho intermediado por plataformas e busca uma regulamentação para delivery que atenda as particularidades e necessidades diferentes dos motoristas, visando proteger os entregadores e preservar a sustentabilidade de seu ecossistema, que gera 873 mil postos de trabalho e atende 40 milhões de consumidores”.

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