PF investiga relações entre Haroldo Augusto Filho, sócio da Fource, e os ministros João Otávio de Noronha e Marco Buzzi
A Polícia Federal investiga um esquema de venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e encontrou conversas que sugerem vínculos entre o empresário Haroldo Augusto Filho, sócio da consultoria Fource, e os ministros do STJ João Otávio de Noronha e Marco Buzzi.
Nos celulares apreendidos durante a investigação, foram identificadas mensagens trocadas entre Haroldo e Catarina Buzzi, filha do ministro Marco Buzzi. Também há registros da participação do magistrado em eventos jurídicos em Cuiabá, nos quais o empresário esteve presente.
Embora as conversas sugiram proximidade entre os envolvidos, os ministros não são formalmente investigados até o momento.
O inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sob relatoria do ministro Cristiano Zanin.
Atuação da empresa investigada
Haroldo Augusto Filho foi alvo de busca e apreensão na primeira fase da Operação Sisamnes, deflagrada em novembro de 2024. Ele é sócio da consultoria Fource, com sede em Mato Grosso, especializada em adquirir empresas em recuperação judicial ou envolvidas em disputas fundiárias.
Segundo a PF, a Fource atua nos bastidores de processos judiciais, comprando litígios sem figurar diretamente nos autos. No caso investigado, a empresa está ligada a uma disputa fundiária no estado, sob relatoria de Marco Buzzi no STJ. Embora a Fource não conste formalmente no processo, um advogado ligado à empresa entrou nos autos.
Suspeita de compra de decisões
Em outro inquérito, a PF aponta que Haroldo Augusto Filho comprou decisões judiciais de dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Agora, apura-se se ele tentou comprar sentenças também no STJ.
O ministro Cristiano Zanin declarou haver indícios de um “verdadeiro comércio de decisões judiciais”, promovido por lobistas e servidores do STJ.
“Relatos descortinam indícios de que Gonçalves estabeleceu rede de contatos com magistrados e assessores de ministros do STJ e de integrantes dos tribunais de Justiça”, afirmou Zanin, em referência ao lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, outro investigado no caso.
Zanin autorizou uma nova operação da PF para recolher documentos e aprofundar as investigações.