PF apura venda de decisões no STJ e aponta laços de empresário com ministros

PF encontra indícios de venda de sentenças no STJ e vínculo entre empresário e ministros; caso é relatado por Zanin.
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Superior Tribunal de Justiça STJ. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

PF investiga relações entre Haroldo Augusto Filho, sócio da Fource, e os ministros João Otávio de Noronha e Marco Buzzi

A investiga um esquema de venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e encontrou conversas que sugerem vínculos entre o empresário Haroldo Augusto Filho, sócio da consultoria Fource, e os ministros do STJ João Otávio de Noronha e Marco Buzzi.

Nos celulares apreendidos durante a investigação, foram identificadas mensagens trocadas entre Haroldo e Catarina Buzzi, filha do ministro Marco Buzzi. Também há registros da participação do magistrado em eventos jurídicos em Cuiabá, nos quais o empresário esteve presente.

Embora as conversas sugiram proximidade entre os envolvidos, os ministros não são formalmente investigados até o momento.

O inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sob relatoria do ministro .

Atuação da empresa investigada

Haroldo Augusto Filho foi alvo de busca e apreensão na primeira fase da Operação Sisamnes, deflagrada em novembro de 2024. Ele é sócio da consultoria Fource, com sede em Mato Grosso, especializada em adquirir empresas em recuperação judicial ou envolvidas em disputas fundiárias.

Segundo a PF, a Fource atua nos bastidores de processos judiciais, comprando litígios sem figurar diretamente nos autos. No caso investigado, a empresa está ligada a uma disputa fundiária no estado, sob relatoria de Marco Buzzi no STJ. Embora a Fource não conste formalmente no processo, um advogado ligado à empresa entrou nos autos.

Suspeita de compra de decisões

Em outro inquérito, a PF aponta que Haroldo Augusto Filho comprou decisões judiciais de dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Agora, apura-se se ele tentou comprar sentenças também no STJ.

O ministro Cristiano Zanin declarou haver indícios de um “verdadeiro comércio de decisões judiciais”, promovido por lobistas e servidores do STJ.

“Relatos descortinam indícios de que Gonçalves estabeleceu rede de contatos com magistrados e assessores de ministros do STJ e de integrantes dos tribunais de Justiça”, afirmou Zanin, em referência ao lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, outro investigado no caso.

Zanin autorizou uma nova operação da PF para recolher documentos e aprofundar as investigações.


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