Escritório do familiar do ministro representa concessionária que forneceu veículos de mais de R$ 10 milhões ao Tribunal Trabalhista
A polêmica em torno da compra de 30 carros de luxo pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), no valor total de R$ 10 milhões, continua repercutindo. O caso ganhou um novo capítulo após vir à tona que um dos escritórios responsáveis pela defesa da concessionária envolvida pertence ao sobrinho do ministro Luís Roberto Barroso, que anunciou sua saída do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (9).
Escritório ligado à família Barroso atua na defesa da empresa
O vínculo foi identificado em uma resposta da Kurumá Veículos S.A., apresentada ao Tribunal de Contas da União (TCU). A empresa se apresenta como sucessora da Kyoto Comércio de Veículos, vencedora da licitação para fornecimento dos automóveis modelo Lexus ES 300H.
A defesa foi protocolada após o deputado estadual Leonardo Siqueira (Novo–SP) encaminhar uma representação ao TCU pedindo a investigação da compra. Ele questionou a adequação e a moralidade da aquisição, considerando o alto padrão dos veículos e o contexto fiscal delicado do país.
Pedido de investigação sobre possível irregularidade
Na solicitação, Siqueira argumentou que a operação poderia representar desperdício de recursos públicos e violar os princípios da moralidade, economicidade e finalidade pública. Para o parlamentar, o padrão de luxo dos carros não condiz com a situação orçamentária atual do Estado.
Defesa assinada por sobrinho do ministro
A Kurumá Veículos S.A. apresentou ao TCU uma petição assinada por quatro advogados, entre eles Rafael Barroso Fontelles, sócio-fundador do escritório Barroso Fontelles, Barcellos, Mendonça Advogados. A banca se identifica em seu site e redes sociais como “sucessora” do escritório Luís Roberto Barroso & Associados.
Rafael Barroso Fontelles é sobrinho de Luís Roberto Barroso, ministro do STF desde 2013, quando deixou a advocacia para assumir a vaga na Corte. O antigo Luís Roberto Barroso & Associados foi fundado e chefiado por ele antes de sua nomeação ao Supremo e deixou de operar após sua posse.