Pesquisa mostra que a primeira-dama vem perdendo simpatia
Rosângela da Silva, também conhecida como Janja e primeira-dama, encerrou o ano de 2024 com uma marca que causou constrangimento, considerando que ela se propôs a ser uma influenciadora digital com poder pleno do governo e conselheira principal do marido e de seus ministros. Essa é a alegação feita pelo jornal O Estado de S.Paulo em um editorial publicado no domingo, dia 5.
De acordo com a pesquisa Genial/Quaest, Janja viu sua popularidade cair quase pela metade desde as primeiras semanas do mandato atual de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Eis um bom recado para quem passou os dois primeiros anos de governo convicta não apenas de que seria capaz de influenciar o presidente, como também afetar a vida dos brasileiros – uma tarefa para a qual evidentemente não foi eleita”, diz o jornal.
Segundo divulgado em dezembro pela Quaest, 22% dos eleitores têm uma opinião positiva sobre Janja, índice que chegava a notáveis 41% em fevereiro de 2023. Por outro lado, 28% a avaliam negativamente, patamar que há quase dois anos estava em 19%. Outros 30% a veem como regular (eram 22% em fevereiro de 2023).
Embora a trajetória de Janja tenha sido descendente desde o começo do mandato, o registro dos estudos indica uma reviravolta no cenário no último ano: em dezembro de 2023, a primeira-dama ainda contava com mais fãs do que detratores; um ano posteriormente, a tendência se reverteu. Janja chega ao ponto de ter uma avaliação pessoal mais baixa do que a avaliação geral do governo.
Ao se envolver na campanha eleitoral e ao ascender a rampa ao lado do presidente, Janja se destacou como um recurso político de um Lula renascido após os anos de encarceramento, conforme afirma o Estadão.
“Com a autoestima decorrente do triunfo eleitoral do marido, as convicções de quem pretendia ‘ressignificar o conteúdo do que é ser uma primeira-dama’ e a disposição para se mostrar independente, Janja resolveu agir”, afirma a publicação.
“Seus tentáculos avançam sobre a comunicação digital do governo e a intromissão frequente em assuntos de Estado com cobranças públicas (e privadas) a ministros”, acrescenta. “E é assim que se envolve em sucessivas polêmicas (como a última, na qual, durante reunião do G20, ofendeu gratuitamente o empresário Elon Musk) e tem opinião assertiva sobre quase tudo o que diz respeito ao governo.”
Janja interfere em comunicação da Presidência
De acordo com o jornal, é comum ouvir relatos de que há uma interferência sistemática nas mensagens da Secretaria de Comunicação da Presidência e, muitas vezes, desempenha o papel de estrategista e operador de câmera do presidente nas redes sociais.
“A cascata irrigando um vinco que forma um caminho até um pequeno lago e as carpas coloridas que nadam em água cristalina com seixos no fundo tornaram-se ainda mais polêmicas porque foram mostradas ao distinto público em pleno debate do pacote de revisão de gastos do governo”, avalia o texto.
“Quem age como personagem política passa a ser avaliada também como tal”, continua. “Se Lula deseja mantê-la como ativo político, e se Janja pretende seguir ‘ressignificando’ o papel de primeira-dama, a curva negativa de sua popularidade serve de alerta e aprendizado – se não para fazê-la voltar à tradição discreta da maioria das antecessoras, que pelo menos sirva para calibrar suas aparições e seus atos.” As informações são da Revista Oeste.