Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 teria recebido R$ 700 mil em pagamentos irregulares
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) “recebeu vantagem indevida” para beneficiar empresários na tramitação da Medida Provisória (MP) dos Portos. É o que informou a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ela argumentou ainda ter “arcabouço probatório” reunido em uma investigação decorrente da Operação Postalis.
Conforme Lindôra, o responsável pelo “esquema criminoso” foi o contador Milton Lyra, apontado como operador do MDB. A avaliação sobre os indícios contra Renan faz parte de um pedido enviado à Corte, com a finalidade de que a investigação seja prorrogada por mais dois meses. Lindôra pretende colher os depoimentos do senador, de Lyra e de outros investigados.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) também deve fazer uma devassa nas contas das companhias usadas pelo contador para suposta lavagem de dinheiro de propinas. Lindôra ressaltou ser necessário dar andamento às apurações diante de “circunstâncias ainda não completamente esclarecidas”, noticiou o jornal O Estado de S. Paulo, em reportagem publicada na quarta-feira 6.
O caso
De acordo com a PGR, há indícios de que Renan teria atuado para beneficiar o empresário Richard Klien, então CEO da Multiterminais, em 2014, durante a tramitação da MP dos Portos. A firma de Klien teria efetuado pagamentos de R$ 700 mil a empresas de Lyra que seriam de fachada para a lavagem de dinheiro. Suspeita-se que esse montante seria destinado a Renan. Outro empresário do setor, Alexandre Santoro, também faria parte do esquema.
Lyra, também citado como lobista, discutia possíveis alterações na MP dos Portos e projetos de interesse do setor com os empresários por e-mail. Há registros de deslocamentos do contador em voos de helicóptero bancados por Klien. Na quebra de sigilo telefônico, também foram identificadas dezenas de ligações entre ele e os empresários. Uma delas foi feita de dentro do Senado.