Impasse Interno Ameaça a Unidade da Frente Parlamentar Evangélica
A Frente Parlamentar Evangélica enfrenta um embate interno com a eleição de seu novo líder, marcada para o dia 26 de fevereiro. Deputados aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ameaçam deixar a bancada caso o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) seja escolhido para a liderança do bloco.
A resistência ao nome de Otoni deve-se à sua aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que tem gerado desconforto entre parlamentares bolsonaristas.
Candidatos Disputam Liderança da Bancada
Concorrendo com Otoni de Paula está o deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP), que mantém um forte alinhamento com Bolsonaro. Ambos pertencem à Assembleia de Deus, mas suas alianças políticas dividem os membros da bancada evangélica.
Atualmente, cerca de 30 deputados apoiadores de Nascimento ameaçam abandonar a frente parlamentar caso Otoni seja eleito. Essa movimentação, no entanto, poderia enfraquecer o grupo, que conta com 245 parlamentares. O regimento do Congresso exige um mínimo de 198 integrantes para que um bloco funcione regularmente.
O Elogio de Otoni a Lula e o Desgaste com Bolsonaristas
Otoni de Paula, que anteriormente fez parte da base de apoio de Bolsonaro, gerou polêmica em outubro de 2023, quando representou a bancada evangélica em uma cerimônia no Palácio do Planalto, onde Lula sancionou a lei que institui o Dia Nacional da Música Gospel.
Na ocasião, o deputado orou pelo presidente Lula e fez elogios ao petista, o que foi mal recebido por líderes religiosos alinhados a Bolsonaro.
Além disso, Otoni apoiou a candidatura de Eduardo Paes (PSD) nas eleições municipais do Rio de Janeiro, o que aumentou a insatisfação dentro da bancada.
Por outro lado, Gilberto Nascimento é um dos fundadores da Frente Parlamentar Evangélica, criada em 2003. Delegado da Polícia Civil, está em seu quarto mandato na Câmara e tem o apoio de um dos principais líderes evangélicos do país, o pastor Silas Malafaia.
Tensão Aumenta Entre Parlamentares da Bancada Evangélica
O deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), atual presidente da Frente Parlamentar Evangélica, demonstrou preocupação com o impasse e criticou a ameaça de abandono por parte dos parlamentares bolsonaristas.
“Ameaçar é uma perda de tempo. Esse ‘se perder, eu saio’ é covardia”, afirmou Câmara ao jornal O Globo.
Em 2023, sem apoio unânime, Otoni de Paula retirou sua candidatura à liderança da bancada, permitindo um acordo de presidência alternada entre os deputados Eli Borges (PL-TO) e Silas Câmara.
Agora, Silas Câmara afirma já ter definido seu voto, mas prefere não revelá-lo publicamente para evitar influenciar os demais deputados.
A disputa promete ser acirrada e pode redefinir os rumos da bancada evangélica no Congresso Nacional.