OAB-SP propõe reforma no Judiciário e pede ao STF mais técnica e menos política

OAB-SP propõe reforma do Judiciário com foco na despolitização e atuação técnica do STF.
Leonardo Sica, Presidente Da OAB SP Leonardo Sica, Presidente Da OAB SP
Leonardo Sica, presidente da OAB-SP: aproximação preocupante entre o STF e a classe política | Foto: Lucio Bernardo Jr/ Câmara dos

Entidade quer reduzir atuação penal da Corte e resgatar foco constitucional do Supremo Tribunal Federal

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção (OAB-SP) está conduzindo estudos para apresentar uma proposta de reforma estrutural do Judiciário brasileiro, com especial atenção ao papel exercido atualmente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente da OAB-SP, Leonardo Sica, explicou, em entrevista à CNN nesta segunda-feira (1º), que a iniciativa busca reduzir a atuação penal da Suprema Corte e retomar seu foco original: a guarda da Constituição Federal.

O STF se tornou um grande tribunal penal. Passa grande parte do seu tempo fazendo julgamentos criminais. Com isso, deixa de apreciar matérias constitucionais por uma questão de tempo e de recursos”, afirmou Sica.

STF excessivamente próximo da classe política

Para a seccional paulista da OAB, o volume de julgamentos que envolvem autoridades políticas é preocupante e compromete a imparcialidade institucional do Supremo.

Julga muitos políticos, e quem julga muitos políticos se aproxima excessivamente da classe política. A gente acha que tem que ter um ajuste nessa regra”, alertou o presidente da OAB-SP.

A entidade defende que o STF deve se afastar do embate político direto e se dedicar ao seu papel constitucional. Como exemplo do desvio de foco, Sica mencionou a recente crise em torno do IOF, em que a AGU anunciou ação no STF para contestar decisão do que derrubou um decreto do Executivo:

Não é o lugar para isso ser discutido. Isso faz mal ao Tribunal. Isso politiza o Tribunal”, criticou.

Crítica ao uso excessivo de julgamentos virtuais

Outro ponto de debate no relatório da comissão é o modelo de julgamentos virtuais adotado pelo STF. Para a OAB-SP, a prática tem sido usada em excesso e afeta o direito à ampla defesa e à atuação da advocacia.

Está pegando mal a tecnologia. Estão usando os julgamentos virtuais em excesso para reduzir as possibilidades de atuação dos advogados. Tivemos um investimento enorme em tecnologia desde a pandemia, mas não há ganho de eficiência perceptível. Então algo precisa ser discutido”, destacou Sica.

Comissão estuda mudanças para apresentar ao Congresso

A comissão de estudos criada pela OAB-SP está avaliando sugestões de alteração legislativa que poderão ser formalizadas junto ao Congresso Nacional. As propostas visam restabelecer o equilíbrio entre os Poderes e garantir que o STF atue como um tribunal técnico, afastado de pressões políticas.



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