Moraes rejeita recurso de Bolsonaro contra inelegibilidade

Bolsonaro e Braga Netto foram condenados por abuso de poder político e econômico nas comemorações do Bicentenário da Independência
Presidente Do TSE, Alexandre De Moraes Presidente Do TSE, Alexandre De Moraes
Presidente do TSE, Alexandre de Moraes, na abertura dos trabalhos em 2024 | Foto: Luiz Roberto/Secom/TSE

Bolsonaro e Braga Netto foram condenados por abuso de poder político e econômico nas comemorações do Bicentenário da Independência

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, negou o recurso contra a condenação de inelegibilidade do ex-presidente e seu vice, Walter Braga Netto, por abuso de poder político e econômico durante as comemorações do Bicentenário da Independência.

A publicação da decisão ocorreu neste domingo (26), embora tenha sido da última sexta-feira (24). O pedido da chapa para que o caso fosse levado ao Supremo Tribunal Federal (STF) foi analisado pelo ministro.

O recurso extraordinário, como é conhecido, deve passar por uma avaliação de admissibilidade no mesmo tribunal onde a decisão questionada ocorreu, antes de ser encaminhado ao Supremo.

O pedido foi rejeitado por Moraes devido a problemas processuais – não cumpria os requisitos estabelecidos em lei para tal tipo de recurso. Ele também indicou que o direito de defesa dos dois membros da chapa não foi cerceado. Além disso, considerou que a decisão do Tribunal Eleitoral não infringiu a Constituição.

“A controvérsia foi decidida com base nas peculiaridades do caso concreto, de modo que alterar a conclusão do acórdão recorrido pressupõe revolvimento do conjunto fático-probatório dos autos, providência que se revela incompatível com o Recurso Extraordinário”, afirmou.

Ainda é possível para a defesa recorrer ao Supremo na tentativa de continuar com o caso.

No mês de outubro do ano anterior, o ex-presidente Bolsonaro foi novamente declarado inelegível pelo TSE, por uma decisão de 5 a 2. A mesma condenação foi aplicada ao vice da chapa, Braga Netto.

A maioria dos ministros concluiu que Bolsonaro e Braga Netto abusaram do poder político ao utilizarem as celebrações oficiais do 7 de Setembro de 2022 com objetivos eleitorais.

Ambos também foram sentenciados a pagar multas, totalizando R$ 425,6 mil e R$ 212,8 mil, respectivamente.

Em junho de 2023, o ex-presidente recebeu uma condenação por “abuso de poder político” e “uso indevido dos meios de comunicação” em um processo diferente, resultado em uma decisão da Corte que o tornou inelegível por um período de oito anos, estendendo-se até 2030.

A recém-declarada inelegibilidade não será adicionada à penalidade já imposta. Ela tem validade de 8 anos. Durante este tempo, o político do PL e Braga Netto estão excluídos das eleições.

Ações

Os processos examinados pela Corte Eleitoral estão relacionados à disouta eleitoral de 2022. O PDT e a então postulante à Presidência, senadora Soraya Thronicke, autores das ações, alegaram que ambos teriam praticado abuso de poder político e econômico, além de comportamento vedado a funcionários públicos durante as eleições.

De acordo com as alegações, a campanha de Bolsonaro teria se aproveitado das celebrações oficiais do evento para obter vantagem na competição eleitoral – por meio de discursos, fotos com eleitores e promoção de propaganda eleitoral.

Os representantes legais do ex-chefe de estado e candidato a vice-presidente argumentaram que os casos deveriam ser arquivados sem avaliação do conteúdo, por motivos processuais. Eles também refutaram qualquer irregularidade. Sustentaram que Bolsonaro participou dos eventos como presidente da República e não exibiu condutas eleitorais.

O parecer apresentado pelo Ministério Público Eleitoral foi pela inelegibilidade do ex-presidente e pela absolvição do vice.

Consequências

O julgamento que discutiu o caso da reunião com embaixadores resultou na inelegibilidade do ex-presidente, retirando-o das próximas eleições. Entretanto, teoricamente, por uma diferença de dias, ele poderá se candidatar em 2030.

A decisão de inelegibilidade tomada nessas ações não se acumula à primeira penalidade.

No entanto, uma vez implementada, a defesa busca anular essa sanção através de recursos legais, assegurando que Bolsonaro possa retornar às urnas.

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