Moraes reclama da imprensa: “Querem transformar o STF na revista Caras”

Moraes ataca cobertura da imprensa e diz que querem transformar o STF em revista de fofocas, durante julgamento de acusados de golpe.
Moraes Moraes
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Supremo julga novo grupo acusado de “tentativa de golpe”, enquanto Moraes critica imprensa e compara cobertura a revista de celebridades

Durante sessão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (6), o ministro voltou a fazer declarações controversas — desta vez direcionadas à imprensa. Ao comentar o julgamento do chamado “núcleo 4” da suposta tentativa de golpe em 2022, Moraes afirmou que alguns veículos estariam tentando transformar a Suprema Corte na “revista Caras”, referência à publicação focada em fofocas e celebridades.

“Alguns querem transformar o Supremo na revista Caras, então tiram foto da minha gravata, do terno do ministro Flávio Dino. Querem fazer intriga”, disparou o ministro.

A fala foi feita após o ministro Luiz Fux negar haver qualquer “frente” contra Moraes dentro da Corte:

“Na verdade, eu estou aqui mantendo pontos de vista que me parecem que são os adequados à luz da minha visão de Direito Penal” – justificou Fux.

Apesar do tom de crítica à imprensa, Moraes tentou amenizar a fala dizendo que “99,9% do trabalho da imprensa é sério”, mas reforçou que certas abordagens estariam tentando fomentar “intrigas” inexistentes entre os ministros do STF.

Moraes é relator da denúncia contra militares e ex-agentes

A sessão marcou o início do julgamento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra sete integrantes do chamado núcleo 4, acusados de disseminar “desinformação” e “atacar o sistema eleitoral”.

Os acusados são:

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva;
  • Ângelo Martins Denicoli – major da reserva;
  • Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – engenheiro, presidente do Instituto Voto Legal;
  • Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército;
  • Guilherme Marques de Almeida – tenente-coronel do Exército;
  • Marcelo Araújo Bormevet – agente da PF e ex-integrante da Abin;
  • Reginaldo Vieira de Abreu – coronel do Exército.

Segundo a PGR, o grupo teria atuado de forma articulada para questionar o sistema eleitoral e criar um ambiente de ruptura institucional — acusação que críticos do governo consideram exagerada e parte de um processo de criminalização do dissenso político.

Críticas crescem à atuação política do Supremo

A postura do STF, especialmente sob a relatoria de Moraes, tem gerado críticas crescentes de juristas, parlamentares e entidades civis, que denunciam o que consideram uma escalada de autoritarismo judicial, com prisões, bloqueios de contas e censura de perfis nas redes sociais com base em investigações sigilosas.

A reação de Moraes aos pedidos de suspeição e sua fala sobre a cobertura midiática reforçam a percepção de que o ministro se sente blindado institucionalmente, enquanto acumula poder inédito no Judiciário brasileiro.



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