Supremo julga novo grupo acusado de “tentativa de golpe”, enquanto Moraes critica imprensa e compara cobertura a revista de celebridades
Durante sessão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (6), o ministro Alexandre de Moraes voltou a fazer declarações controversas — desta vez direcionadas à imprensa. Ao comentar o julgamento do chamado “núcleo 4” da suposta tentativa de golpe em 2022, Moraes afirmou que alguns veículos estariam tentando transformar a Suprema Corte na “revista Caras”, referência à publicação focada em fofocas e celebridades.
“Alguns querem transformar o Supremo na revista Caras, então tiram foto da minha gravata, do terno do ministro Flávio Dino. Querem fazer intriga”, disparou o ministro.
A fala foi feita após o ministro Luiz Fux negar haver qualquer “frente” contra Moraes dentro da Corte:
“Na verdade, eu estou aqui mantendo pontos de vista que me parecem que são os adequados à luz da minha visão de Direito Penal” – justificou Fux.
Apesar do tom de crítica à imprensa, Moraes tentou amenizar a fala dizendo que “99,9% do trabalho da imprensa é sério”, mas reforçou que certas abordagens estariam tentando fomentar “intrigas” inexistentes entre os ministros do STF.
Moraes é relator da denúncia contra militares e ex-agentes
A sessão marcou o início do julgamento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra sete integrantes do chamado núcleo 4, acusados de disseminar “desinformação” e “atacar o sistema eleitoral”.
Os acusados são:
- Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva;
- Ângelo Martins Denicoli – major da reserva;
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – engenheiro, presidente do Instituto Voto Legal;
- Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército;
- Guilherme Marques de Almeida – tenente-coronel do Exército;
- Marcelo Araújo Bormevet – agente da PF e ex-integrante da Abin;
- Reginaldo Vieira de Abreu – coronel do Exército.
Segundo a PGR, o grupo teria atuado de forma articulada para questionar o sistema eleitoral e criar um ambiente de ruptura institucional — acusação que críticos do governo consideram exagerada e parte de um processo de criminalização do dissenso político.
Críticas crescem à atuação política do Supremo
A postura do STF, especialmente sob a relatoria de Moraes, tem gerado críticas crescentes de juristas, parlamentares conservadores e entidades civis, que denunciam o que consideram uma escalada de autoritarismo judicial, com prisões, bloqueios de contas e censura de perfis nas redes sociais com base em investigações sigilosas.
A reação de Moraes aos pedidos de suspeição e sua fala sobre a cobertura midiática reforçam a percepção de que o ministro se sente blindado institucionalmente, enquanto acumula poder inédito no Judiciário brasileiro.