Maduro quer unir forças com Trump para combater cartéis: “Temos experiência concreta”

Ditador faz sugestão em meio à crescente pressão dos Estados Unidos sobre o regime chavista

Apontado pelo governo dos Estados Unidos como o líder do Cartel de los Soles, o ditador Nicolás Maduro propôs nesta segunda-feira (1º) ao presidente norte-americano Donald Trump a formação de uma ação conjunta entre os países da região com o objetivo de “acabar com o narcotráfico”.

Maduro destacou que a Venezuela possui a “experiência e o resultado concreto” na luta contra as drogas e mencionou uma suposta parceria com o governo de Gustavo Petro, da Colômbia, como modelo de colaboração eficaz.

A iniciativa do ditador acontece em meio à crescente pressão do governo americano contra o regime chavista, incluindo uma recompensa milionária oferecida pelo Departamento de Estado dos EUA por informações que levem à captura de Maduro.

Proposta direta a Trump

Durante declaração a jornalistas, Maduro afirmou:

“Se você, presidente [Donald] Trump, em sério, quiser falar de uma luta para acabar com o narcotráfico, a Venezuela tem a experiência. Modestamente, nós temos a experiência e o resultado concreto. Se o restante dos países, como estamos fazendo com Colômbia, se o resto dos países da América do Sul e da América Central quiserem coordenar uma só estratégia deste tema, deste problema entre muitos outros que tem o continente, estamos totalmente à ordem.

Nossa superintendência nacional antinarcótico, nossas polícias e nossa Força Armada Nacional Bolivariana, com profissionais das mais alta qualidade ética e moral, se de verdade quiser enfrentar esse problema…

Agora, há um assunto que mesmo o presidente [Gustavo] Petro [da Colômbia] disse… Vários presidentes disseram, vários da região, que é o tema do consumo. Verdade?”

EUA lideram coalizão internacional contra cartéis de drogas

Na terça-feira (26), o Secretário de Estado Marco Rubio declarou que países aliados estão se unindo em uma “coalizão internacional” contra os cartéis de drogas.

Rubio, ao lado do presidente Trump, elogiou a decisão da Argentina de classificar oficialmente o Cartel de los Soles, ligado a Maduro, como uma organização terrorista.

“Pela primeira vez na Era Moderna, estamos realmente em uma ofensiva contra os cartéis organizados que estão introjetando veneno [drogas], veneno mortal, em nossas cidades. E isso é um esforço de equipe. É o time de Kristi [Noem, Secretária de Segurança Nacional], é o time do Pete [Hegseth, secretário de Defesa], é o time de Pam [Bondi, procuradora-geral] e, obviamente, debaixo da liderança de Trump. Com isso, estamos obtendo uma incrível cooperação econômica e internacional.

Só na última semana, Equador, Paraguai, Guiana, Trinidad e Tobago e, hoje, a Argentina se juntaram a nós ou estão tratando de ajudar a avançar nisso. E nós vamos interromper que as drogas entrem em nosso país e já estamos conseguindo prisões recordes.

Uma outra coisa que estamos construindo é uma coalizão internacional contra esse flagelo no cenário internacional.”

Cartel de los Soles: origem militar e conexões criminosas

O Cartel de los Soles é uma antiga organização criminosa venezuelana, composta originalmente por oficiais das Forças Armadas da Venezuela, especialmente do Exército e da Guarda Nacional.

Segundo o cientista político venezuelano José Vicente Carrasquero:

“É uma organização formada por altos generais venezuelanos, geralmente do Exército e da Guarda Nacional, que traficavam drogas, basicamente a partir do sul do país. Esse cartel nunca foi investigado.

Quando Chávez chegou ao poder, esse cartel deixou de pertencer exclusivamente aos generais e passou a ser operado pela estrutura do Partido Socialista Unido da Venezuela.

A partir aí, saiu o financiamento para que os militares continuassem a apoiar Maduro, garantindo que ele permanecesse no poder. Esse cartel tem grande influência no tráfico de drogas na Venezuela e acredita-se que também esteja envolvido no tráfico das riquezas minerais que estão sendo retiradas do país.”

De acordo com autoridades americanas, o cartel participa ativamente do tráfico internacional de drogas, em especial cocaína, e dá suporte a organizações criminosas e grupos terroristas.