Pároco admite que rituais religiosos não estavam previstos e culpa conservadorismo pela repercussão
A Igreja Nossa Senhora de Fátima, localizada em Vacaria, no Rio Grande do Sul, tornou-se centro de uma polêmica após alugar seu salão paroquial para um evento do terreiro de umbanda Ogum Megê e Oxum. O espaço foi cedido para a celebração do terceiro aniversário do terreiro, em 11 de janeiro, mas o evento evoluiu para rituais religiosos, causando forte indignação entre os fiéis.
A revolta da comunidade se intensificou após imagens dos rituais circularem nas redes sociais. Muitos frequentadores da igreja expressaram decepção e afirmaram que o local havia sido transformado em um terreiro de umbanda, o que levou o pároco, frei Protásio Ferronato, a se manifestar publicamente sobre o caso.
Pároco diz que rituais não estavam previstos no contrato
Diante da repercussão, frei Protásio declarou que houve um acordo para o aluguel do espaço apenas para um evento de fim social, sem permissão para a realização de rituais religiosos. Ele lamentou que o combinado não tenha sido respeitado.
Para esclarecer a situação, o pároco publicou no Instagram da Diocese de Vacaria uma carta aberta, também assinada pelo bispo da localidade, reafirmando que a igreja não se tornou um terreiro de umbanda, como alguns fiéis passaram a afirmar.
Em entrevista ao UOL, frei Protásio defendeu sua decisão, afirmando que o aluguel do espaço seguiu o princípio da fraternidade e do diálogo inter-religioso. Ele classificou o episódio como resultado de uma “falta de clareza na comunicação”, mas disse acreditar que o terreiro Ogum Megê e Oxum não agiu por má-fé.
Pároco culpa conservadorismo radical pela reação negativa
Após a divulgação dos vídeos do evento nas dependências da igreja, a repercussão negativa foi intensa, especialmente nas redes sociais. O frei atribuíu as críticas ao que chamou de “conservadorismo radical”.
“Grupos, no melhor estilo farisaico, estão sempre prontos, com pedras nas mãos, desejando eliminar e sentindo prazer em atacar todos aqueles que não pensam como eles”, declarou Protásio Ferronato.
Terreiro diz que cumpriu acordo e que aluguel foi formalizado
O responsável pelo terreiro, pai Rodrigo de Ogum Megê, e sua esposa, Marcele, afirmaram que o aluguel do espaço foi realizado dentro da lei, com contrato formalizado e valores acordados. Segundo eles, sempre houve respeito e transparência na utilização do salão paroquial.
A polêmica evidencia as tensões entre diferentes correntes religiosas dentro do Brasil e levanta debates sobre os limites do diálogo inter-religioso e o uso de espaços religiosos para eventos de outras tradições.