Estadão Critica Envio de Representante à Posse de Maduro: Maduro rouba eleição, e Brasil vai à posse

Embaixadora Brasileira Confirmada para Posse de Maduro Apesar de Críticas
Lula Recebe Maduro No Palácio Do Planalto Lula Recebe Maduro No Palácio Do Planalto
Lula recebe Maduro no Palácio do Planalto – 29-05-2023 | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Embaixadora Brasileira Confirmada para Posse de Maduro Apesar de Críticas

O governo do presidente Luiz Inácio da Silva (PT) confirmou que enviará a embaixadora do Brasil na Venezuela, Glivânia Maria de Oliveira, como representante à posse do ditador venezuelano Nicolás Maduro, marcada para o dia 10 de janeiro. A decisão gerou críticas e é tema de análise no editorial do jornal O Estado de S. Paulo, publicado nesta terça-feira (7).

Planalto Minimiza Repercussão

Segundo o editorial, o Palácio do Planalto tem tentado suavizar a decisão, destacando que Lula permanecerá no Brasil e que nenhum ministro será enviado à cerimônia em Caracas. Além disso, autoridades brasileiras afirmam que a presença da embaixadora não implica reconhecimento oficial do resultado da eleição venezuelana, amplamente considerada fraudulenta.

“Mais um pouco e dirão que o envio da representante brasileira é uma sanção diplomática para marcar posição”, critica o jornal.

Para o Estadão, a participação de qualquer representante brasileiro no evento é, na prática, uma validação da legitimidade da posse e do resultado eleitoral. “Sejamos claros, contudo: só a presença de uma representante do Brasil, independentemente de seu escalão, é uma forma explícita de chancela, aceitação e conivência institucional por parte do governo brasileiro.”

Relação Controversa com o Chavismo

O Estadão destaca a relação ambígua entre o governo Lula e o regime chavista, observando que o envio da embaixadora é mais um capítulo de uma crise anunciada. “No fim das contas, dá no mesmo: o envio da embaixadora à posse é o estágio final de uma crise contratada há meses, quando o governo Lula resolveu equilibrar entre suas obrigações constitucionais de defesa da democracia e os compromissos ideológicos do lulopetismo com o chavismo.”

Apesar de hesitar em reconhecer oficialmente a eleição, o governo brasileiro não demonstrou dúvidas públicas sobre a lisura do pleito. Desde o início, segundo o jornal, o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano agiu de forma subserviente ao Palácio de Miraflores, garantindo a reeleição de Maduro por meio de um processo eleitoral manipulado.

Oposição Silenciada e Repressão Generalizada

A oposição na Venezuela enfrentou perseguições sistemáticas durante o período eleitoral, com cassação de candidaturas, prisões políticas e intimidações. Segundo o Estadão, candidaturas com chances de vitória foram anuladas, enquanto manifestantes contrários ao regime enfrentaram violência estatal.

“Dezenas de manifestantes foram mortos e cerca de 2 mil foram detidos nos meses seguintes. Há relatos de que as milícias paramilitares conhecidas como ‘Coletivos’ intimidaram famílias e jornalistas”, relata o editorial.

O opositor Edmundo González Urrutia, que afirma ser o verdadeiro vencedor da eleição, enfrenta perseguições e teve uma recompensa de US$ 100 mil oferecida por informações que levem à sua prisão.

Silêncio do Governo Brasileiro

O jornal critica a postura do governo brasileiro diante das arbitrariedades do regime chavista. “Tudo isso sob o silêncio obsequioso do governo lulopetista ou sob declarações que beiraram o escárnio – como aquela em que Lula declarou que a Venezuela realiza mais eleições que o Brasil, e por isso é um país democrático.”

O chanceler Celso Amorim também foi alvo de críticas por minimizar a gravidade dos eventos, afirmando em tom descontraído: “Sou do tempo da bossa nova – a gente nunca sobe o tom.”

Um Relacionamento Irremediável

O Estadão conclui que a relação entre o governo Lula e o chavismo é um reflexo de compromissos ideológicos. “Nem o Brasil reagiu, nem como se reafirma agora, quer distância do chavismo. O lulopetismo é irremediável.”


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