Escândalo no INSS: ex-deputado do PSB manda aposentados não denunciarem descontos

Ex-deputado orienta aposentados a não denunciarem fraudes do INSS e culpa bancos por confusão.
Deputado Vilson Da Fetaemg Deputado Vilson Da Fetaemg
Deputado Vilson da Fetaemg | Foto: Reprodução/PSB

Sindicalista ligado à Contag aconselha que beneficiários não questionem os bancos sobre descontos indevidos

O ex-deputado federal Vilson da Fetaemg (PSB-MG) provocou forte repercussão após publicar um vídeo orientando aposentados e pensionistas a não denunciarem aos bancos descontos indevidos registrados em seus benefícios do . A recomendação partiu justamente de alguém que preside uma entidade sob suspeita de participação no esquema bilionário que vem sendo investigado pela Polícia Federal.

“Se você perceber que no seu provento está tendo algum tipo de desconto que você não autorizou, peça um extrato ao gerente, ao funcionário do banco. Mas não vai conversar isso com ele, não. Vai lá, conversa com o seu sindicato”, declarou Vilson.

Entidades sindicais sob investigação e indícios de bilionária

A Fetaemg, presidida por Vilson, é ligada à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura () — entidade acusada de operar descontos fraudulentos em benefícios de aposentados rurais. De acordo com a Polícia Federal, a Contag teria movimentado mais de R$ 2 bilhões oriundos de 1,3 milhão de beneficiários.

A Fetaemg, por sua vez, abocanhava cerca de 15% dessa arrecadação, o que significava quase R$ 500 mil por mês somente em Minas Gerais.

No fim de 2024, a Justiça de Minas Gerais contabilizava mais de 400 processos individuais contra a Contag, o que resultou na contratação de advogados pela Fetaemg para sua defesa.

Vilson acusa bancos e nega irregularidades

Ao ser confrontado, Vilson transferiu a culpa para os bancos, afirmando que as instituições financeiras “confundem” os aposentados e jogam a responsabilidade nos sindicatos:

“O banco dizia para o aposentado: ‘Isso é coisa do sindicato’. Jogava a gente como se fosse o demônio. O banco tem tanto penduricalho que ele não te explica o que são as coisas.”

Apesar disso, Vilson nega qualquer envolvimento com ilegalidades e afirma que sua entidade cobrava, no máximo, 2% de desconto. Em comparação, alega que outras organizações chegavam a cobrar 5%. O ex-deputado também acusou o governo Bolsonaro de ter incentivado o crescimento das entidades que teriam praticado — argumento que, até o momento, não encontra respaldo nas investigações.

Interferência legislativa e articulação com

Em 2021, enquanto ainda era deputado, Vilson articulou uma emenda a uma medida provisória para prorrogar a renovação obrigatória das autorizações de desconto em folha. O documento também foi assinado por Wolney Queiroz (PDT), hoje ministro da Previdência. A proposta adiava a exigência por três anos. Em 2023, uma nova medida eliminou totalmente essa obrigatoriedade — abrindo caminho para os abusos agora sob investigação.

Operações e cancelamentos de acordos com o INSS

Com o avanço das apurações, a Polícia Federal e a CGU desmontaram os acordos do INSS com entidades como a Contag e a Fetaemg. O governo federal prometeu ressarcir os valores desviados diretamente aos aposentados e pensionistas prejudicados.

Atualmente, há 13 inquéritos em curso em cinco unidades da federação: Minas Gerais, Ceará, Sergipe, São Paulo e Distrito Federal. O caso envolvendo a Contag tramita na Justiça Federal em Brasília.



Comentar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *