Dólar alcança R$ 5,76, maior valor desde 2021, após Haddad sinalizar incerteza sobre corte de gastos
Nesta terça-feira (29), o dólar registrou um aumento de 0,92%, atingindo R$ 5,76, o valor mais alto desde março de 2021. A valorização ocorre em meio a uma incerteza econômica, enquanto os investidores aguardam possíveis anúncios de redução de despesas do governo. Fernando Haddad, o ministro da Fazenda, comunicou que terá reuniões com o presidente Lula durante a semana, no entanto, ainda não há uma data definida para a divulgação de um plano fiscal. Haddad comentou sobre as recentes previsões de cortes entre R$ 30 e R$ 50 bilhões, afirmando: “Não sei de onde saíram”.
A perspectiva de uma “nova estratégia fiscal”, capaz de diminuir até R$ 60 bilhões em gastos, tem sido percebida pelo mercado como um passo significativo para consolidar a confiança fiscal do governo. Todavia, a incerteza em torno do pacote causou desconfiança entre os investidores, afetando adversamente o mercado de ações. O Ibovespa caiu 0,37%, para 130.730 pontos, com um volume financeiro menor de R$ 12,7 bilhões.
Dados da “balança comercial” desapontaram o mercado, pois o déficit em transações correntes chegou a 2,07% do PIB nos últimos 12 meses. O superávit comercial em setembro foi de US$ 4,81 bilhões, um valor inferior aos US$ 8,48 bilhões de 2023. Ao mesmo tempo, é altamente provável (85,2%) que a “taxa Selic” aumentará para 11,25% na próxima reunião do Copom, devido às pressões inflacionárias e à instabilidade interna e externa.
Outro fator de tensão no mercado é a eleição presidencial dos EUA, disputada entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump. Com o cenário incerto e acirrado, a expectativa é de uma eleição decidida voto a voto, o que aumenta a volatilidade dos ativos financeiros no Brasil e no exterior.