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Governo ameaça tirar cargo e verba de deputados que assinaram impeachment de Lula

Pedido protocolado na semana passada reúne assinaturas de deputados da base governista

Representantes do governo federal comunicaram aos líderes da Câmara dos Deputados que aqueles que endossaram o pedido de impeachment contra o presidente (PT) por sua comparação das mortes na Faixa de Gaza ao Holocausto enfrentarão consequências do Poder Executivo.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), forneceu a informação aos líderes da base do governo durante uma reunião nesta terça-feira (27).

Conforme os relatos, a interpretação foi de que os deputados que assinaram a solicitação e indicaram posições regionais perderão essas posições, além de serem menos assistidos pelo Executivo, o que abrange emendas parlamentares.

“Quem assinou o impeachment do presidente está dizendo claramente que não está na base. Portanto, se tinha algum tipo de espaço no governo, tem que perder. Afinal de contas, essa contradição não pode continuar. Quem assinou tem que decidir de que lado está: ao lado de Lula ou contra”, diz o deputado Alencar Santana (PT-SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara.

O pedido foi protocolado na noite da última quinta-feira (22) pela deputada Carla Zambelli (PL-SP). Ela afirma que possui 140 assinaturas, incluindo de parlamentares que fazem parte da base do governo Lula na Casa.

A solicitação de impeachment estava agendada para a reunião desta terça-feira. O documento, ao qual a Folha teve acesso, foi compartilhado com as lideranças durante a reunião.

Guimarães afirmou nas redes sociais que, durante a reunião, houve um consenso de que é “incompatível” um deputado fazer parte da base, “ter relação com o governo e assinar” a solicitação.

“Isso não é razoável e a minha posição é encaminhar a lista desses parlamentares para que o governo tome providências”, escreveu o deputado.

Conforme os participantes, os legisladores debateram também sobre a distribuição da liderança das comissões permanentes da Câmara. Esse tópico provavelmente será um dos temas abordados na reunião com líderes e o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), na tarde de terça-feira.

Conforme os relatos, uma lista contendo os nomes dos deputados da base que assinaram o impeachment foi entregue às lideranças, juntamente com um pedido para que os líderes iniciem uma força-tarefa para a retirada dos apoios.

Existem assinaturas de representantes de partidos políticos como União Brasil, PSD, Republicanos e PP. Os primeiros dois partidos têm três representantes na Esplanada dos Ministérios, enquanto cada um dos dois últimos possui um indicado.

Lula alcançou a presidência com um apoio minoritário de esquerda na Câmara, o que o obrigou a formar alianças com partidos centristas e de direita. No entanto, a interação entre o Executivo e o Legislativo, especialmente a Câmara, foi caracterizada por períodos de tensão ao longo de 2023.

Embora as declarações de Lula tenham fornecido munição para a oposição e mobilizado aliados de Bolsonaro para apoiar o pedido de impeachment, líderes de grupos no Congresso Nacional afirmam que as chances de tal movimento ter sucesso são nulas.

O início do processo é dependente do presidente da Câmara. Não há um prazo estabelecido para que Lira examine essas solicitações, que têm a possibilidade de permanecer em sua gaveta indefinidamente. Se a solicitação for arquivada, existe a opção de recurso ao plenário.

O início da coleta de assinaturas para o impeachment ocorreu depois que Lula comparou a ação ofensiva de Israel em Gaza com o extermínio de judeus realizado por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.

Solicitações de impeachment feitas anteriormente pela oposição, algumas formalizadas coletivamente por deputados, abrangem uma variedade de incidentes que, segundo os argumentos dos legisladores vinculados ao ex-presidente (PL), justificariam a remoção do presidente.

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