CGU Investiga Empresa Suspeita Contratada por R$ 321 Milhões no Governo Lula

R7 Facilities, ligada a um suposto laranja, venceu uma das maiores licitações do setor

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um novo escândalo envolvendo uma licitação milionária. A Controladoria-Geral da União (CGU) está investigando a R7 Facilities, empresa contratada por R$ 321 milhões para fornecer 1,2 mil funcionários terceirizados a 12 ministérios. A suspeita é de fraude e uso de declarações falsas no processo.

A empresa pertence a Gildenilson Braz Torres, um suposto laranja que morava em uma casa simples na periferia de Brasília, já recebeu auxílio emergencial durante a pandemia e possuía menos de R$ 524 em suas contas bancárias em 2022.

Mesmo com essas evidências, a R7 Facilities já acumulou quase R$ 700 milhões em contratos com o governo federal desde 2019, expandindo significativamente sua atuação a partir de 2023.

CGU Aponta Suspeitas de Fraude

Diante das denúncias, a CGU abriu um Processo Administrativo de Responsabilização (PAR) para investigar possíveis irregularidades na licitação. O órgão afirmou que há indícios de que a empresa pode estar registrada em nome de um laranja, além de operar com outras firmas para simular concorrência e inflacionar balanços financeiros.

“As suspeitas recaem sobre provável utilização de declarações com conteúdo falso e possível combinação em certames licitatórios, bem como possível utilização de interpostas pessoas no quadro societário”, informou a CGU.

Se comprovadas as irregularidades, a empresa pode ser penalizada com uma multa de até 20% do faturamento bruto de 2024 e sofrer restrições para novos contratos com a administração pública.

R7 Facilities Ligada ao Presídio de Mossoró, Onde Ocorreu Fuga de Detentos

Além das suspeitas de fraude, a R7 Facilities também esteve envolvida na prestação de serviços de manutenção no presídio federal de Mossoró (RN), de onde dois detentos ligados ao Comando Vermelho fugiram em fevereiro de 2024.

Diante disso, o Ministério da Justiça solicitou que a Polícia Federal e a Receita Federal investigassem a empresa e seu possível envolvimento em esquemas fraudulentos.

Empresa e Governo Negam Irregularidades

O Ministério da Gestão e da Inovação (MGI), responsável pela licitação, alegou que a empresa não possui condenações que impeçam sua participação no certame e que o processo atende a requisitos técnicos e financeiros.

A própria R7 Facilities nega qualquer irregularidade e alega que vence licitações de forma legítima. O advogado da empresa, Murilo Jacoby Fernandes, classificou as denúncias como “ataques de concorrentes” e afirmou que todos os esclarecimentos já foram prestados.

Enquanto isso, quatro empresas recorreram contra a permanência da R7 na disputa, alegando que a empresa se beneficia de vantagens fiscais indevidas. O MGI ainda não analisou esses recursos.

A revelação desse caso suspeito expõe mais uma vez as fragilidades nos processos licitatórios do governo, levantando questionamentos sobre como uma empresa com indícios de fraude conseguiu vencer uma das maiores concorrências do setor nos últimos anos.