Brasil vai na contramão de países democráticos e silencia sobre fraude na Venezuela

País Permanece em Silêncio Face às Denúncias Internacionais de Irregularidades
Lula Recebe Maduro No Palácio Do Planalto Lula Recebe Maduro No Palácio Do Planalto
Lula recebe Maduro no Palácio do Planalto – 29-05-2023 | Foto: Ricardo Stuckert/PR

País Permanece em Silêncio Face às Denúncias Internacionais de Irregularidades

Até a manhã desta segunda-feira (29), o país ainda não havia se pronunciado, apesar da comunidade internacional denunciar “irregularidades”.

Depois de Nicolás Maduro declarar vitória nas eleições presidenciais de domingo, 28, o Brasil, sob a liderança de Luiz Inácio da Silva, manteve-se silencioso, em comparação com a resposta rápida de outras nações sul-americanas. Até a manhã de segunda-feira, 29, o país ainda não havia se pronunciado sobre a polêmica vitória do líder chavista.

Alegações de fraude no processo eleitoral foram levantadas pela oposição venezuelana, que argumenta que não conseguiu acessar 70% das atas eleitorais. Eles destacaram que as seções eleitorais permaneceram abertas além do período regular em áreas pró-Maduro, enquanto em territórios opositores, foram relatadas situações de intimidação e dificuldades para votar.

O assessor de assuntos internacionais do Planalto, Celso Amorim, foi designado como observador em Caracas. Em um comunicado divulgado no domingo à noite, Amorim declarou que esperaria a posição dos observadores internacionais autorizados pelo regime de Maduro. Ele ressaltou que é imprescindível que ambas as partes aceitem o resultado e mencionou a importância de aguardar o encerramento da votação, pois algumas urnas ainda estavam abertas.

A atitude do governo brasileiro se destaca na região. Exceto Bolívia, Guiana e Suriname, todos os demais países da América do Sul expressaram inquietação com o atraso na investigação e as possíveis fraudes. Inclusive governos de esquerda, como os de Gabriel Boric no Chile e Gustavo Petro na Colômbia, foram mais críticos em relação a Maduro do que o Brasil.

Com o retorno do PT ao poder em 2023, o Brasil e a Venezuela retomaram suas relações. No governo de Jair Bolsonaro, o Brasil havia reconhecido Juan Guaidó como o “presidente legítimo” da Venezuela, cortando laços com o chavismo. A diplomacia brasileira, sob o comando de Mauro Vieira e Celso Amorim, trabalhou para reviver os laços com Maduro, aludindo a dívidas de aproximadamente US$ 1,27 bilhão que empresas brasileiras tinham com a Venezuela. Glivânia Maria de Oliveira foi nomeada pelo Brasil como embaixadora em Caracas e Manuel Vadell, o embaixador venezuelano, foi recebido em Brasília.

Durante os primeiros meses de sua administração, Lula prestou suporte diplomático e político a Maduro, dando-lhe as boas-vindas com honrarias no Planalto em maio do ano anterior, em meio a uma reunião com líderes sul-americanos para revitalizar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Tal suporte foi alvo de críticas por parte de outros líderes regionais, notadamente Gabriel Boric e Luis Lacalle Pou, que condenaram a recuperação de imagem proporcionada por Lula ao governante venezuelano.

No ano de 2023, patrocinado por Brasil, Colômbia, Estados Unidos e União Europeia, um acordo foi estabelecido entre a oposição e o chavismo para assegurar eleições justas na Venezuela em retorno da remoção de sanções. Entretanto, Maduro desrespeitou os acordos de maneira progressiva, barrando María Corina Machado de participar da eleição e criando obstáculos para a inscrição de outros candidatos, bem como impedindo o voto dos venezuelanos residentes no exterior.

No término do ano anterior, Maduro conduziu um referendo para incorporar uma porção da Guiana que a Venezuela reivindica, intensificando a tensão militar no local. Novamente, a diplomacia brasileira se absteve de condenar de forma enfática a agressão chavista.

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