Psolista foi respondido pelo investidor Leandro Ruschel
Nesta quarta-feira, 29, o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) afirmou que a elevação de quase 40% no valor do café no Brasil é consequência da exportação do produto realizada pelo agronegócio. Ele acusou o setor de dar preferência ao lucro externo, negligenciando o consumidor brasileiro.
Contudo, a avaliação dele foi contestada pelo investidor Leandro Ruschel, que esclareceu minuciosamente o funcionamento do mercado global de café e o porquê do equívoco na afirmação de Boulos, representando uma interpretação distorcida da realidade econômica.
Em publicação no Twitter/X, Boulos comparou o aumento de quase 40% no preço do café com a exportação de R$ 75 bilhões do grão pelo agronegócio brasileiro. “Primeiro, vem o lucro; se sobrar algo, vendem no mercado interno”, declarou. “Resultado: riqueza para meia dúzia de exportadores, e comida mais cara no prato de milhões de brasileiros.”
O parlamentar propõe que a elevação do custo do café no Brasil poderia ser consequência de uma preferência do agronegócio pelas exportações, em detrimento do fornecimento interno. Boulos também insinua que o atual modelo favorece somente uma pequena elite de exportadores, enquanto a população em geral é afetada pelos preços elevados.
Em 2024, o agro exportou R$ 75 bilhões em café. No mesmo ano, o preço do café aqui dentro aumentou quase 40%.
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) January 29, 2025
Isso porque o agro vende pra fora o que se planta aqui dentro. 1º vem o lucro; se sobrar algo, vendem no mercado interno.
Resultado: riqueza para meia dúzia de… pic.twitter.com/hM9Hs5BLLo
Em resposta à publicação de Boulos, Leandro Ruschel analisou o funcionamento do mercado global de café. Ele destacou que o preço do produto é determinado por fatores como oferta e demanda, não pela ganância dos exportadores.
“Há vários produtores no mundo, que geram uma oferta do produto, no caso o café”, disse Ruschel. “Há a demanda, gerada pelos consumidores. A relação entre oferta e demanda produz um preço de equilíbrio.”
Boulos alega que o preço alto do café se deve à exportação e à busca pelo lucro. Entenda por que essa afirmação não é apenas falsa, mas representa o exato oposto da realidade
— Leandro Ruschel 🇧🇷🇺🇸🇮🇹🇩🇪 (@leandroruschel) January 29, 2025
Explicando para um comunista como funciona o mercado de um produto global, como o café: há vários… pic.twitter.com/mM4Wv7CzR2
Ele enfatizou que o café é uma “commodity” com demanda bastante constante, no entanto, mudanças na oferta, afetadas por elementos como condições climáticas, podem influenciar os preços de maneira significativa.
Ruschel também destacou a eficiência do Brasil na produção de café, que permite ao país não apenas suprir a demanda interna, mas também exportar para o mercado global. “Se um país é eficiente na produção de um produto, como o Brasil é em relação ao café, ele consegue suprir a demanda interna, e ainda exportar para o mercado externo.”
Boulos é refutado por analista
Ruschel defendeu que, ao contrário de ser danoso, o modelo atual cria um ciclo de prosperidade que favorece a economia como um todo. Ele esclareceu que, com a exportação de café, o Brasil ganha moedas estrangeiras, reforça a balança comercial e incentiva investimentos no setor.
“O Brasil aumenta o ingresso de divisas internacionais, favorecendo a balança comercial e enriquecendo o país, não apenas o produtor, visto que ele vai investir mais no negócio, contratar mais gente, comprar mais insumos, consumir mais, e o saldo que sobrar, ele vai deixar no banco, que usará os recursos para emprestar mais, fazendo toda a economia nacional crescer,” disse.
Ruschel expressou críticas à perspectiva de Boulos e outros apoiadores de políticas socialistas, que ele acredita perpetuam um “ciclo da miséria”. Ele alertou que iniciativas como a taxação de exportações ou a proibição de vendas ao exterior, já debatidas por partes do governo, poderiam resultar em redução da produção, escassez de produto e elevação de preços.
“Caso ela fosse implementada, o aumento da oferta interna levaria à queda de preços, comprimindo o lucro do produtor”, explicou o analista. “Há um desincentivo à expansão da produção, o que faz com que a queda inicial dos preços seja revertida para alta do preço, num segundo momento, pela queda da produção.”
Ruschel foi bastante enfático ao declarar que medidas intervencionistas, tais como o “controle de preços”, têm a tendência de causar escassez e danificar a economia em geral. Ele fez referência a exemplos históricos de governos socialistas que implementaram ações parecidas e levaram suas nações a crises econômicas.
“Quando o preço aumenta, pelos motivos apresentados, os néscios socialistas tiram da manga a ‘brilhante’ medida de tabelar os preços”, ironizou. “Como ninguém trabalha para produzir prejuízos, o ‘ganancioso’ produtor que ‘só pensa em lucro’ fecha as portas, promovendo a escassez, ou seja, o produto fica indisponível ao público.”
Boulos critica o modelo atual, acusando-o de favorecer uma minoria em detrimento da maioria, enquanto Ruschel argumenta que o mercado global de café opera sobre princípios econômicos sólidos que, quando observados, geram prosperidade e desenvolvimento para a nação.As informações são da Revista Oeste.