Intervenções Emergenciais no Mercado
O Banco Central (BC) anunciou um novo leilão de US$3 bilhões (aproximadamente R$18,5 bilhões) nesta quinta-feira (26), em uma tentativa de conter a valorização do dólar. Com isso, o montante total utilizado desde o início da disparada da moeda americana, há cerca de dez dias, alcançará US$30,76 bilhões (cerca de R$190 bilhões).
Essas intervenções refletem uma resposta emergencial à pressão cambial, mas também levantam questionamentos sobre a estratégia do governo em lidar com os efeitos da valorização do dólar.
Impacto do Desequilíbrio Fiscal
Especialistas atribuem parte significativa da instabilidade cambial ao desequilíbrio fiscal e à percepção de falta de comprometimento do governo com o equilíbrio das contas públicas. Declarações recentes do presidente Lula (PT) e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após a alta hospitalar de Lula, também foram apontadas como fatores que intensificaram a desconfiança no mercado.
- Lula e Haddad reiteraram críticas ao “mercado”, referindo-se aos investidores que financiam o governo por meio de instrumentos como o Tesouro Direto.
- O mercado interpretou as falas como um sinal de falta de alinhamento com as expectativas de austeridade fiscal.
Comparação com o Pacote Fiscal
Os R$190 bilhões já utilizados pelo Banco Central nos últimos dez dias representam mais do que o dobro dos R$75 bilhões previstos pelo pacote fiscal aprovado pelo Congresso na semana passada. Esse pacote, considerado tardio e insuficiente por analistas, prometia cortes em 15 anos, enquanto os gastos com as reservas cambiais foram realizados em pouco mais de uma semana.
Taxa de Juros e Projeções
O Banco Central também prevê que a taxa Selic pode atingir 14,25% até fevereiro, pressionada pela necessidade de controlar a inflação e estabilizar o câmbio. Essa alta reflete os desafios impostos por uma política fiscal considerada desordenada e pelos impactos das declarações do governo federal no mercado financeiro.